Um post sobre emigrar para o Luxemburgo, parte I
Gosto de ver as estatísticas das visitas ao blog. Não sou obcecada mas vejo-as sempre que abro a página para escrever qualquer coisa e gosto especialmente de ver duas coisas: de onde vêem os meus leitores e como chegaram até aqui, nomeadamente o que pesquisaram num motor de busca.
A maior parte das vezes pesquisaram sobre… surpresa! Borboletas na barriga. Parece haver muita gente à procura duma explicação ou de uma definição para este fenómeno e bem, se chegaram até aqui, já sabem que não há aqui nenhuma resposta para isso. Na realidade, este nome já não tem muito a ver com o conteúdo do blog mas custa-me separar-me dele e, bem lá no fundo, é já uma imagem/slogan de marca meu e por isso não o mudei.
Mas curiosamente, depois de um período de algum desinteresse pelo tema, agora chegam ao meu blog pessoas que pesquisam sobre “como emigrar para o Luxemburgo”. Não quer dizer que cheguem mesmo a clicar no link mas pelo menos esta é uma das ligações que lhes são mostradas quando fazem essa pesquisa.
Este ano completámos oito anos desde que nos mudámos para aqui e por isso acho que posso dizer uma ou duas coisas sobre o tema, sem nunca ter a pretensão de saber tudo ou que a minha experiência representa a experiência de todas as pessoas que emigram para aqui (ou, pelo menos, de todos os portugueses que emigram para o Luxemburgo). Acho muito importante fazer já este disclaimer porque já vi isto discutido vezes sem conta em caixas de comentários: pessoas que não conseguem entender que uma experiência pessoal não equivale à experiência de todo um grupo de pessoas ou que o salário médio não significa que todos o ganhemos, entre outras coisas. Vamos então por tópicos, separados por posts para evitar um testamento muito difícil de ler.
LÍNGUA
A língua oficial é o Luxemburguês mas há mais duas línguas administrativas: o Alemão e o Francês. Isto significa que todo o material posto à disposição por entidades oficiais se encontra normalmente nestas três línguas. A predominância destas línguas depende da zona do país onde estamos: a Este e a Norte, o Alemão é mais falado devido à proximidade com a Alemanha; a Oeste e a Sul o Francês é rei devido à proximidade com a Bélgica e a França. Há já muita coisa à disposição em Português (lembro-me, por exemplo, do material do ministério da Saúde) e também em Inglês. É muito difícil uma pessoa não se conseguir fazer entender aqui porque os Luxemburgueses falam muitas línguas.
Isto tudo é muito bonito mas… Se não sabes falar Luxemburguês, há uma espécie de maior reserva da parte dos Luxemburgueses. Eu falo muitas línguas mas nem isso me ajuda às vezes porque naturalmente as pessoas querem que lhes falem na língua deles. Este ano, decidi e consegui finalmente começar a aprender Luxemburguês. Estou super entusiasmada porque sinto que a barreira final está prestes a ser ultrapassada e a minha integração ficará mais perto de completa! Há cursos acessíveis: o meu é dado pela comuna (a nossa câmara municipal)e, ao contrário de outros anos, não fiquei na lista de espera.
O Luxemburguês é uma língua que ainda está a ser criada, explicou a minha professora. É claro que todos a sabem falar mas há ainda pouco material para fixar a sua forma escrita e é aceitável que as pessoas escrevam de maneira diferente. Aproveita muito do Alemão e do Francês e por isso quem sabe alguma coisa destas duas línguas pode ter o trabalho mais facilitado. Tem coisas muito sui generis, como o reduzido número de tempos verbais: só existe o presente e o pretérito perfeito simples e o futuro não existe (ri-me quando descobri, confesso). Mas o que realmente me assusta nesta aprendizagem é a parte oral, já que é bastante diferente das línguas onde vai buscar a inspiração. OK, há palavras que são iguais (merci, por exemplo) mas o Luxemburguês falado não soa a nada que eu tenha alguma vez ouvido e tem muitos trejeitos e maneirismos que não estou certa de conseguir imitar.
Também posso dizer que há zonas do país em que se fala maioritariamente em Português e para nós é normal irmos a um restaurante ou a um cabeleireiro ou a um supermercado e falar na nossa língua. Isso não nos torna particularmente populares entre os Luxemburgueses mas isso fica para outro post…
(to be continued)