2020, um balanço: uma nova maneira de gostar

Este ano, em vez de escrever um post de reflexão sobre o ano que está quase acabar, resolvi fazer toda uma série de posts, com algumas coisas que me fizeram feliz, outras que me deixaram indiferentes e ainda as que me deixaram de rastos.

Perinha, o gato

Disse-o antes mas repito só para enquadrar o resto: não sou uma pessoa de animais, apesar de os respeitar e querer ver protegidos, como é seu direito. Talvez agora deva dizer que eu não era uma pessoa de animais porque sinto que isso mudou. Se tivesse de escolher uma coisa boa trazida por este ano tão nefasto, escolheria, sem piscar os olhos, o nosso Perinha.

Há um meme muito giro que eu nunca tinha compreendido. É sobre alguém que chega a casa com uma nuvem negra sobre a sua cabeça (stress, cansaço, tristeza) e assim que passa a soleira da porta há um gato que vem e dissipa essa nuvem negra de imediato. Agora percebo porquê!

Daqui a uns dias, o Perinha comemora quatro meses na nossa casa e amanhã celebra sete meses de vida. É um inquilino muito silencioso, que só ouvimos de manhã cedo, quando nos pede para abrir a porta da sala. Anda sempre atrás de nós pela casa mas também gosta do seu tempo sozinho, dormitando na cama da Amália.

Os miúdos brigam pela sua atenção e pela oportunidade de o terem ao colo. Todas as manhãs, depois de tomarem o pequeno-almoço e de se vestirem, o Vicente deita-o no seu colo, a Amália e o Augusto sentam-se no chão também e fazem festinhas ao gato em simultâneo. É um bocado intenso, eu sei, mas ele parece gostar porque não foge imediatamente. É um gato de casa que adora estar à janela a ver quem passa e à espera de nos ver chegar do trabalho e da escola. Segue corvos com os seus olhinhos amarelos e tenta apanhar as moscas ou abelhas que vê passar lá fora.

Já nos destruiu a árvore de Natal duas vezes, é certo mas mesmo isso não me faz zangar com ele. Só não gosto quando nos arranha com aquelas pequeninas garras afiadas mas de resto, tudo de bom. De vez em quando, olha-nos de uma maneira tão séria, parece mesmo uma pessoa a tentar fazer sentido de uma casa cheia de gritos e correrias e de risadas. Empoleira-se nos sítios mais inesperados e adora os seus brinquedos - às vezes, brinca tanto que acaba esticado no chão, quase sem fôlego.

Já tinha cuidade de outros animais de porte pequeno mas nunca de um gato. Não sentia nenhuma vontade de ter um gato, sempre me tinham parecidos demasiado independentes. E assim é este gato mas eu gosto dele mesmo por causa disso. Faz a sua vida, de vez em quando presenteia-nos com um bocadinho de colo ou festinhas nas pernas mas não se deixa prender por ninguém. 2020 foi, no geral, uma grande bosta mas cá eu arranjei mais um espacinho no meu coração para um gato chamado Perinha.