2020, um balanço: música para esquecer o mundo

Este ano, em vez de escrever um post de reflexão sobre o ano que está quase acabar, resolvi fazer toda uma série de posts, com algumas coisas que me fizeram feliz, outras que me deixaram indiferentes e ainda as que me deixaram de rastos.

Canções para corações doridos num ano de pandemia

O meu ano cultural, chamemos-lhe assim, foi dominado por mulheres e a música não foi excepção. Dois dos meus álbuns preferidos deste ano foram escritos e cantados por duas mulheres que aparentemente têm pouco em comum mas que me fizeram cantar, sorrir e chorar.

Já gostava da Phoebe Bridgers há um bocadinho e nunca fui muito à bola com a Taylor Swift. Uma vinha daquela cena indie que vocês respeita, outra da pop mais mainstream que se faz por aí. Mas aterraram as duas na minha vida e neste ano para o qual já me faltam adjectivos.

Foram os álbuns que mais ouvi este ano e parece-me que vieram para ficar.

Ouvi muito esta música da Taylor Swift que fala sobre aquelas relações em que há uma pessoa totalmente investida na relação e há outra que vai brincado com os seus sentimentos, ao sabor das suas vontades. Aquela sensação de nos sentirmos como um velho casaco e vem a outra pessoa que nos diz que somos o seu casaco preferido, para depois nos esquecer em cima de uma cama qualquer. Não é uma metáfora muito bonita mas a maneira como a música está escrita, todas as pequenas memórias que vão ficando, que permanecem mesmo quando o fumo se dissipa, isto é universal e fala a qualquer coração, em qualquer geração.

E, do outro lado, quando, aos 03m50s, a Phoebe Bridgers canta “…the end is near…”, não consigo conter as lágrimas. Porque ou a vacina vem para nos salvar lentamente e podemos começar a sonhar com o fim deste pesadelo; ou o fim do mundo como o conhecemos está a acontecer agora, sem nos darmos conta. E tanto o alívio como o desespero estão contidos naquele coro que vem a seguir.