Amalinha, cinco anos a dar-nos cabo da cabeça!

Eu devia ter adivinhado pela maneira intempestiva como chegou ao mundo. Amália chegou numa manhã gelada de 2015, sem dar oportunidade à epidural e sem esperar para nascer! E hoje completa cinco anos de vida, os mais intensos da minha vida!

Ainda tem muitos problemas em sentar-se quieta na escola e a professora às vezes não parece saber o que fazer com ela. É aplicada nas coisas que faz, desenha bem para a idade que tem e sempre coisas de menina (coelhos, gatos, unicórnios, os membros da família). Mas também é maria rapaz e gosta de jogar à bola com os irmãos, trepa móveis e muros como se não soubesse o que é o medo, não é esquisita a escolher o desenhos animados que quer ver. Anda muito orgulhosa das primeiras letras que sabe desenhar e pede muitas vezes para copiar coisas. Consegue identificar os nossos nomes e o nomes dos amigos só de olhar para as letras mas muitas vezes é ansiosa por pensar que não vai saber reproduzir a mesma sequência de letras.

Não me parece que tenha muitos amigos. Brinca muito sozinha e consegue inventar a suas brincadeiras sem interferência de ninguém. Dá-se melhor com adultos do que com crianças mas parece, mesmo assim, ser relativamente popular nos círculos sociais (escola, tempos livres). Come cada vez menos e pior. Quando era pequenina, comia tudo o que lhe púnhamos à frente e sem reclamar ou afastar algum alimento do prato. Hoje em dia, não gosta de quase nada e precisamos muitas vezes de negociar/chantagiá-la para conseguirmos que coma o mínimo possível.

Não a conseguimos obrigar a fazer nada. Mesmo com ameaças de castigo, ela insiste e leva a sua avante até não poder mais. A única coisa que resulta é falar, falar muito e explicar as coisas e os porquês para que ela possa mudar de ideias. Claro que um par de gritos vai muito longe mas preferíamos que isso não tivesse de acontecer. Birras? Ainda são muitas e intensas, porque esta miúda não veio ao mundo para fazer as coisas de mansinho. Mas já as vamos controlando mais e já são um pouco menos longas do que, por exemplo, há um ano atrás. É a heroína e o modelo do irmão mais novo, que a segue e imita por todo o lado e detesta isso. Mas brincam muitos os dois: afinal, a diferença de idades é menor do que entre ela e o Vicente. A pior coisa que lhe pode acontecer é o Vicente não querer brincar com ela, o que - adivinhem lá - acontece muito frequentemente…

Ela mudou a minha vida por completo. Todos eles mudaram, à sua maneira e a seu tempo, mas ela fê-lo de maneira radical e impossível de ignorar. Ela estica a minha paciência a sítios que pensava não existirem, ela faz-me perder as estribeiras com as suas exigências irracionais mas ela também me mostrou o que é amar alguém tão intenso e over the top de maneira incondicional. Ela é, entre os nossos filhos, a que mais me preocupa porque a vida não é fácil para quem não consegue controlar bem as suas emoções, para quem é menos sociável do que é esperado, para quem vive tudo como se fosse a última vez. Mas ela descansa-me também com o coração grande e cheio de empatia, com a sua curiosidade por tudo, com o sentido de humor bem particular. Amália, há cinco anos a centrifugar a minha calma e a ensinar-me que não há nada que uma noite de sono não possa aliviar!